domingo, 30 de setembro de 2012

Adeus, Hebe Lindinha! E obrigada!

A gente pode medir a real amabilidade das pessoas quando elas morrem. É triste e frustrante saber que nunca poderemos ver como os nossos próximos vão ficar depois que fomos. De proporções bem maiores acompanhamos isso no final de semana, com a despedida da nossa querida rainha da tv Hebe Camargo, nos próximos dias o assunto será constante na mídia: como viveu, com quem, os amores, as dificuldades, blábláblá... Mas ela realmente era muito amada neste país (e fora daqui) e ninguém tem dúvidas disso, aliás para não sentir pelo menos uma simpatia pela dona dos selinhos alheio tem que ter um coração de pedra.
A "gracinhaaaa" lembra muito uma tia avó minha: a tia Lindinha, o nome já diz tudo. Uma pessoa doce, que ao descobrir uma doença e precisava fazer o tratamento com frequência não desanimou, viveu mais do que o estimado: isso porque ela tinha a mesma paixão por viver que a nossa querida Hebe. (sem contar a semelhança física).
Lindo é passar por esta vida e tocar as pessoas quando a gente está aqui (e mais ainda quando morremos e viramos lembrança). Nunca vi a tia Lindinha e a Hebe reclamando (pelo menos não em público), se queixando disso ou daquilo. Todo mundo tem seus momentos difíceis, mas isso não precisa ser revelado, ou vivido ao extremo. Elas gostavam mesmo é de viver e faziam isso seu lema de vida. Para si e para quem estava ao redor.
Me lembro quando ia tomar chá com ela e comer torradinhas (isso há duas décadas), do bom humor, da alegria que acompanhava aquela elegante mulher até os últimos dias de vida. Recordo também da Hebe sentando no sofá, passando a mão nas coxas dos entrevistados e chamando de "gostooosa", e assim transformando aquele programa de tv em um bate papo informal de conhecidos que se reencontram.
Pra mim, além da Hebe, mais uma vez a tia Lindinha morreu, mas de novo ela foi lembrada, e a alegria de viver que ela tinha continuará na minha mente. Que venham mais Olindas e Hebes, as nossas vidas precisam. Obrigada, gracinhaaaaaas!!!

terça-feira, 10 de abril de 2012

Termina um ciclo, começa outra vida.

Foi estranho ver a loja que eu costuma entrar desde que me conheço por gente vazia. E não era porque nenhum cliente estava lá.  Simplesmente não havia mais mercadoria, estantes, nem mesmo o retrato do meu avô, que ficava pendurado na parede. Quem preenchia o lugar eram muitas prateleiras desmontadas e meu uma cadeira, na qual estava o meu pai, sentado, pensando. Na hora me deu um aperto no peito, um choque que me mostrava: o tempo passou e tudo mudou.
Ele trabalhou na loja com meu avô durante décadas e depois minha tia passou a também pertencer ao local. Negócio que costumava ser familiar, até esbarrar em mim e na minha irmã.  Não quisemos tocar o barco, por isso depois da aposentadoria meu pai resolveu, sabiamente, alugar o local.
Ver o meu veinho, parado, sentadinho naquela cadeira me fez pensar tanta coisa, me deu vontade de dizer tantas palavras, do quanto eu me orgulhava dele, do quanto todo o esforço dele por anos foi importante pra nós, mas eu calei, covardemente. E é através deste texto, depois de cobrar a assiduidade das minhas postagens no blog, que ele vai saber.
Posso já ter te dito o quanto o admiro como ser humano, homem, pai e trabalhador. Esta loja que hoje ficou vazia no espaço está abarrotada de memórias: era lá que eu enchia o saco pra ganhar as camisas, uniformes e tudo do inter, era de lá que vinham as mil bolas de volêi que eu furava nos espinhos da rua. E foi de lá que meu avô e meu pai sutentaram as famílias por muito tempo. Épocas boas, outras nem tanto e o final das atividades não representa algo ruim, mas sim mudanças.
As mudanças sempre nos assustam, mas com o tempo elas nos tornam fortes, vivos, e é isso que importa. Hoje encerrou um ciclo na vida de nossa família, mas muitas coisas estão por vir. A memória do meu avô continuará sendo a melhor de sempre: aquele velhinho bonzinho que me olhava de uma forma tão terna que me fazia acreditar no bem. Onde ele estiver pai, está orgulhoso de todo o teu trabalho durante todo este tempo, assim como nós. Obrigada por ter escolhido seguir o caminho de ser um bom homem, te amo!!! E a tua profissão como pai e marido dedicado continuará.
Tua eterna bonequinha Carol Zogbi