terça-feira, 29 de dezembro de 2009

2010: "A felicidade não se compra", George Bailey que o diga.


Todo mundo deseja um ano melhor, pelo menos em comparação ao que passou, e mais alguns acompanhamentos para alcançar a tal felicidade (sucesso, saúde, dinheiro, amor). Meus votos são para que este novo ano seja cheio de desafios, e independente de ganhar ou perder, que eles possam nos tornar pessoas melhores.
Desejo que no próximo ano tenhamos mais paciência, esperança e amor com o próximo, não esquecendo que todos nós somos humanos e por isso mesmo corremos o risco de errar, e errar feio. Mas que nossa humildade seja grande o bastante para permitir-nos enxergar e admitir nossas falhas, e assim evoluir nosso espírito. E que essa mesma humildade permita que consigamos perdoar, inclusive a nós mesmos, pelas pessoas que magoamos, e que esse medo de errar não prive ninguém de fazer ou falar o que o coração manda.
E mesmo no meio do capitalismo selvagem, do materialismo que não preenche a alma,que a gente consiga lembrar da melhor coisa que pode existir (e não custa um centavo): abrir um sorriso no rosto de qualquer pessoa.
Meu principal objetivo para 2010 é fazer mais pessoas felizes. E o seu?

domingo, 20 de dezembro de 2009

Sobre ratos e homens.


Estávamos papo vai, papo vem, no nosso boteco de sempre, quando foge da boca de minha amiga um grito desesperado. Tomada pela vergonha, ela mata-o com as mãos, arregala os olhos e fica mais vermelha que minha pele, abraçada pelo sol na manhã do mesmo dia. Depois sussura, quase como contando um segredo, e se justifica: "UM RATO, GURIA. E ele quase subiu na minha bolsa", olha pro lado, toma seu saquinho branco, com todo o cuidado e coloca-o no colo. A-p-a-v-o-r-a-d-a.
Nesse momento uma 'indivídua', da mesa atrás da nossa, argumenta com o namorado também ter notado a presença do rabudo, que, por despeito e para desespero do restante do público feminino resolveu sair do vizinho, onde até o momento tinha dado um olhada apenas pelo muro do lado, para juntar-se com os seres humanos no bar. Os segundos de confusão estavam armados, era mulher querendo subir em cadeira, outras gritavam, mãos eram levadas à cabeça, pernas indo pro lado oposto e ele se divertindo, correndo entre as mesas, até que desistiu de incomodar a noite das pobres viventes e foi para onde tinha vindo: a rua.
Passada toda a confusão, gargalhadas e comentários gerais, a maioria de homens, que, para variar adoram debochar das reações e dos medos do sexo oposto, talvez por inveja de não poderem dar um chilique tão sincero quando sentem medo. Um chegou a falar "imagina se fosse uma onça", tirando chacota de todo rebuliço feito. Nisso teci meu comentário, para minha amiga: "como é fácil para eles, só sabem tirar sarro do medo das mulheres", quando, o dono de um ouvido masculino atento, o que é muito raro hoje em dia, veio até a nossa mesa, e, como se pedisse desculpa por seus semelhantes disse: "foi tu que disse né, mas eu juro que não vi nada, foi engraçado porque só vi elas gritando e correndo". Ok, perdoado, eu mesma dei risada até minha barriga doer.
Depois dessa explicação minha amiga fez uma observação, do que, até o momento tinha passado desapercebido por mim: "tu viu que só as mulheres notaram o rato? Nenhum homem aqui viu ele passando pelas cadeiras, como são né?", e assim fazem com quase tudo que acontece ao redor, as coisas estão na cara, escancaradas e eles só conseguem enxergar quando um berro ou um grito os trazem de volta para a vida real.
O problema, que conclui e logo falei, foi o seguinte: eu também não tinha visto o rato. Seria eu uma mulher com o velho problema irritante de não prestar atenção no mundo à volta, como fazem nossos amigos? "..não, guria, tu tava de costas...ou vai ver tu é meio homem também", respondeu minha amiga, para meu desapontamento. Logo eu, tão ligada em tudo.
Na mesma noite cheguei em casa e liguei meu velho ventilador, que faz barulho apenas, para me distrair dos assovios chatos dos pássaros, que insistem em me incomodar, e fui dormir. No meio da noite acordei para beber um pouco d'água e desligar a tv, que normalmente é esquecida ligada porque pego no sono. Outro comportamento masculino também...
Mas aí eu me dei conta: o ventilador não estava fazendo o velho barulho de carroça velha, rolei para o lado da cama, coloquei a mão para baixo e quase queimei os dedos: o motor estava ligado, mas não funcionava, quando me inclinei para ver o que se passava senti o forte cheiro de queimado. Nesse momento notei que ele estava quase pegando fogo. Orgulhosa de mim, e do meu instinto feminino, desliguei o teco-teco da tomada, sorri aliviada e voltei a dormir, pensando: "um homem só ia se dar conta disso quando o fogo tocasse seu dedão do pé". Em seguida constatei: realmente, eu não vi o rato porque estava sentada de costas.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Então é natal. E daí???


Detesto natal. Não poderia haver uma época mais deprimente que o final do ano. Todo mundo fazendo o balanço dos 12 meses, que normalmente é pior que passado. Os otimistas surrealistas irritantes querem nos convencer que '' ano que vem as coisas serão melhores''. Besteira, quanto mais velho ficamos, mais tatuamos as amarguras, cicatrizamos os traumas e passamos a chamar a esperança de ilusão.
Não sou nenhuma maníaca depressiva, ou posso ser, por isso não frequento os divãs; mas ainda prefiro viver a realidade. E não me venham com ''dói agora, mas vai passar'', ''o importante é ter saúde'' e ''dos males o menor''. Tem gente que passa a vida carregando uma dor, pessoas saudáveis que tomam remédios e pequenos males que causam grandes danos.
Lembro que na infância tudo era mais fácil. A gente inventava um jeito de ser feliz. Não tínhamos obrigação de ter sucesso, de mostrar que conquistamos algo para os outros, a sociedade nos via com olhos doces e gentis. Claro que sempre nos colocavam o peso em nossos ombros de sermos adultos exemplares: construir uma família, conquistar um emprego bom, e viajar nas férias. Não importasse se eram essas nossas ambições. Talvez, por isso, tanta gente se frustre mais tarde.
Hoje em dia não há garantia de quase nada,  só nos restaram as nossas crianças interiores com os sonhos de dias melhores. O problema é que os adultos que nos habitam nos lembram a cada dia que o futuro já chegou e daqui a pouco isso tudo vai ser passado.