quinta-feira, 28 de agosto de 2008

O romance está morto

A era da modernidade. Época em que não só a food é fast, mas os amores são mais ainda. Se é que podem ser chamados de amores, ''sexos rápidos'' fica melhor. Pessoas se ''conhecem'', se beijam, transam e deu. É isso, amigos. Sem cerimônias, indo ao que interessa.

Isso não me agrada, nenhum um pouco, mas também não julgo os adeptos. Não vou dizer que nunca me aconteceu, mas isso não me satisfaz, simplesmente porque não consigo não ir além. Digamos que ainda sou do tempo que as pessoas se apaixonavam, de verdade, ligavam- se, combinavam de sair, o homem buscava a mulher em casa, abria a porta do carro. Sim, meus namorados desciam do carro e abriam a porta para eu entrar, parece até período jurássico, mas isso acontecia há pouco tempo ainda...

Penso nos prejuízos que essa praticidade amorosa trouxe para várias pessoas, além de nós mesmos: restaurantes, cinemas e floriculturas, nossa, essas devem tirar seu sustento no dia das mães, finados e olha lá. Flores, hoje em dia servem apenas para isso: mães e jazigos. Os homens não sabem que as mulheres moderninhas, seguras de sí, adoram a clichezisse de receber flores, e acompanhadas de um cartão, então, a nossa breguisse interior agradece: chorar ao saber que tem alguém que preocupa-se em nos mandar um agradinho, por mais que ele vá para o lixo em alguns dias.

Atualmente o orkut e o msn facilitaram tudinho, e acabaram com os últimos suspiros agonizantes do romance, que já não ia bem desde que as mulheres inventaram a vingança contra os homens: agir como eles, feito animais irracionais. Assim definem-se os relacionamentos de hoje: conversas casuais no messenger, como não têm mais nada de bom para fazer, que resultam em encontros ainda mais superficiais. Após isso as pessoas só vão se ver de novo se derem a sorte de estarem online ao mesmo tempo. Se não, por mais que seja a vontade de um novo encontro, isso não acontecerá de novo.

Ninguém usa mais o telefone, muito menos o poder de sedução. Aliás, ninguém ousa mais se machucar. Preferem algo superficial à vulnerabilidade. Estamos tão modernos, mas tão modernos que nem uma adaptação do filme ''Romeu e Julieta'' poderia ser feita, como aconteceu há 12 anos. Simplesmente porque as Julietas e os Romeus que viviam em cada um de nós, morreram de desgosto.

Conversava sobre isso com minhas amigas esses dias: a maioria das pessoas são adeptas da postura "não vou me envolver. E se der errado? E se eu sofrer?'' Claro, vá que dê certo e duas pessoas se apaixonam e vivem momentos felizes, né? Melhor ficar no vazio da mesmisse da vida. Odeio falta de atitude, de coragem, de histórias para contar.

Já sofri muito por amor, e hoje estou aqui, vivinha da Silva, não tenho medo de chorar até lavar a alma, atirada no chão, achando que não vou conseguir mais viver. Não tenho receio de ir dormir chorando e acordar chorando. De emagrecer ou engordar por conta da tristeza. De achar que meu coração, que foi arrancado e pisoteado, nunca vai sarar. Não tenho medo das discussões intermináveis, que dão até vontade de matar o indivíduo. De achar que vou passar o resto da vida com um homem e depois ver que não é isso. De saber que eu posso ter alguém, só meu, que poderei ligar as duas da manhã porque aconteceu algo, ou apenas para agradecer por estar na minha vida. De imaginar meus filhos com outra pessoa. Do conforto de ter um amigo para envelhecer junto. Da vergonha e ansiedade causada pela janta para conhecer a família dele. De bater na cara dele com as flores presenteadas por alguma mancada. De ficar doente e ter alguém para me cobrir e me dar remédios. De ouvir verdades que doem, sobre meus defeitos, mas ditas com o intuito de tornar-me melhor. Não tenho medo de descobrir que aquela pessoa é cheinha, mas cheinhaaa de defeitos, e o mais fantástico é saber que sou capaz de amá-la mesmo assim, e esses defeitos tornam-se apenas parte do seu charme.

As pessoas não querem mais isso. As pessoas não querem mais merda alguma! Apenas relacionamentos que não causem danos. Só um aviso: não há bônus sem ônus, diria meu oftalmologista. A felicidade de alguém é proporcional a profundidade do seu envolvimento. E o sofrimento também, mas as lágrimas nos lembram que estamos vivos.
P.S.: Colaborou neste texto com correções e sugestões, "Dom" Chico.

terça-feira, 26 de agosto de 2008

Madonna será sempre Madonna, gostem ou não.

Todo mundo tem o direito de gostar ou não do que lhe convém. Mas muitas coisas, por mais que não agradam, precisam ser respeitadas. Explico: Paulo Coelho não me agrada nenhum um pouco, mas de alguma forma ele conseguiu destaque, merece respeito. Música sertaneja não tem nada a ver comigo, mas admiro as pessoas que conseguiram obter sucesso com ela, principalmente as que sairam de lugar algum e hoje tocam pelo mundo afora.

Esclarecido isso, vou ao assunto: Madonna. Sei que muita gente vai torcer o nariz, porque não aguenta mais falar dela. Sim, tão popular quanto Jesus Cristo ou os Beatles ( Agora o nariz ficou mais torcido ainda, mas essa é a constatação de uma pesquisa realizada em Londres). O fato é que é preciso respeitar,e muito, a rainha do pop.

Com certeza ela teve muita coragem para largar família (sete irmãos e um pai muito conservador), sair de sua cidadezinha (Michigan,Detroit) e ir para a cidade grande (Nova Iorque) com apenas 35 dólares no bolso. Hoje ela tem um patrimônio estimado no valor de U$ 600 milhões. Fez render o dinheiro, né?

Não pensem que a cantora chegou, conheceu pessoas e tornou- se famosa. O início foi muito difícil, por mais inacreditável que seja olhando para a Madonna de hoje em dia. Ela dormiu na rua, antes de encontrar um apartamento lotado de baratas, comia muitas pipocas, e na pior fase chegou a alimentar-se com o que encontrava no lixo.

Muita gente vai dizer também que ela é uma ''vagabunda", que dormiu com as pessoas certas (usou?) para ir conseguindo atingir seus objetivos. Com certeza não foi apenas isso, mas ela uniu o útil ao agradável. A material girl nunca escondeu que adora sexo (sim, tem gente que acha errado gostar, aliás, tem gente que nem questão faz de transar), mas se ela não tivesse o mínimo de inteligência e não fosse uma pessoa determinada ia ter parado no "like a virgen", concordam?

E quantas mulheres usam a ''prostituição'' para subir na vida e não conseguem? Porque lhes falta coragem, vontade, ou apenas cérebro mesmo. Quantas interesseiras casam-se com homens que não amam apenas para garantir um futuro? É preciso ter talento, amigos. Talento e obstinação.

Sem dúvida ela soube (e ainda sabe) cativar o público. Sabe usar a sexualidade a seu favor, mesmo que isso não passe de puro marketing, sabe chocar as pessoas com o seu comportamento imprevisível, sabe manter a originalidade. Madonna sempre soube como ser sexy, sem ser vulgar. A rainha de ''erotica'' sabe mexer com a imaginação de qualquer um, simplesmente porque trata o sexo com total normalidade, não aborda de uma maneira proibida ou errada, como a igreja católica sempre fez. Se as pessoas tratassem o sexo como parte da natureza humana, poderiam melhorar sua vida sexual e, conseqüentemente, tonarem-se mais felizes.

Aliás, que outra banda ou cantor conseguiu manter-se no topo durante 25 anos? Sempre lançando músicas novas, e estilos também. Pouquíssimos,meus caros. O que mais vemos são aquelas pessoas almost famous indo aos programas de auditório tocar músicas que foram sucesso há anos e que ninguém aguenta mais ouvir.

Outro motivo de admiração: como ela usa o poder que exerce sobre as pessoas para fazer algo pelo mundo. Não quero dar uma de Miss aqui e falar sobre a paz mundial, mas isso é um fato a ser observado. Muita gente vai falar que é marketing: ok, pode ser. Mas fazer marketing com milhões de dólares? Ou preocupar-se em ir até Israel, arriscando não voltar, para pedir às pessoas um pouco mais de consciência em relação às crianças do Oriente Médio, que crescem em meio da guerra estúpida e sem propósitos (não que alguma forma de guerra possua algum).

Madonna poderia ter parado há anos com essa história de cantar, dançar, atuar, se promover. Mas não parou, porque gosta do que faz. E transformou-se no mito que é hoje. Podem falar o que quiserem, mas ela se fez Madonna. Não foi o fato de ter transando com muitos caras, muito menos as pessoas certas que conheceu, tampouco as polêmicas que ela sempre anda envolvida, polêmicas que não acabam com sua imagem e que ela permite divulgar.

E nem entrei no mérito do quanto suas músicas influenciam, positivamente, a vida das pessoas. A compositora sempre tenta estimular quem ouve suas canções, mostrando que cada um é responsável (e capaz) por melhorar a sua vida. São canções que aumentam a confiança das pessoas.

Ela transformou-se em um ídolo, e pelo jeito ninguém vai lhe tirar esse título. Ao invés das pessoas criticarem, deveriam seguir seu exemplo e ter o mínimo da atitude dela. Aliás, podem criticar, caros. Ela é e sempre será a Madonna, "like it or not" ...


Site oficial da cantora:
Recomendo a ''leitura'' do livro mais polêmico dos últimos anos: Sex Book, também pode ser visto online no site:

segunda-feira, 18 de agosto de 2008

Jeitinho brasileiro causa fiasco na China (dois dias consecutivos)


Nunca escondi minha indignação com os ''causos'' deste país. Basta analisar a nossa imagem fora daqui: espertalhões, sempre querendo levar vantagem. Nem que isso signifique o constrangimento de furar uma fila para lucrar dois minutos, tempo que nem uma pipoca de microndas leva para ficar pronta.

Pois é, meus senhores: na terra do futebol, quem tem diploma não é ninguém. E nem refiro-me a dificuldade para achar emprego ou ao salário (ir)risório, mas ao pouco caso que esse país dispensa à quem dedicou bons anos de sua vida estudando.

Mais uma gafe verde e amarela: no outro lado do mundo, durante as olimpíadas, onde cinco cambistas-canarinhos foram presos tentando vender ingressos para os jogos. Estou ciente que não foram só brasileiros, e também que isso não é lá considerado um grande crime, mas só serve para a nossa fama de povo oportunista aumentar cada vez mais.

Entra Olimpíadas, sai Copa do Mundo, o povo brasileiro continua com a mesma mentalidade de não perder uma meia furada se quer, talvez por já ter perdido demais. Os políticos corruptos candidatam- se novamente, na maior cara-de-pau, e o pior: ganham. O povo continua sentado esperando que algum milagre aconteça, pois não tem mais vontade nem coragem de mudar nadinha. Sentado, admirando uma menina cantar playback na abertura das Olimpíadas...

Sabe um povo que não fica sentado? Os tão odiados (não por mim) argentinos. Sim, o "time das milongas", que fez a seleção all stars da bola engolir três gols, e contentar-se em disputar a mediocridade do terceiro lugar. Sem a hipócrisia de que "o importante é competir", se não existiria qualquer outra coisa no lugar do podium.

Ao que importa: os argentinos não ficam parados, olhando. Eles pegam suas panelas e vão fazer barulho na frente da Casa Rosada, símbolo do poder do país. Fazem passeatas, vão até o Congresso Nacional gritar, apitar, lembrar aos seus dirigentes que eles os colocaram lá e podem tirá- los a qualquer momento. Lá, não aguentam quatro anos, como aqui.
Até mesmo as nossas campanhas de conscientização são sobre pessoas acomodadas: alertam para o risco da escolha errada: ficar quatro anos agüentando péssimos administradores. Não,não e não! Se a pessoa não está contente com o seu eleito tem a obrigação de contestar, e não esperar o tempo do mandato acabar.

Mesmo após tantas crises e escândalos, a terra dos hermanos ainda dá um banho no Brasil em relação à cultura, consciência política, e agora: futebol ( o único trunfo que os tupiniquins tinham sobre os castelhanos). Durma com um barulho desses.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

Sobre lemingues e clichês

Pessoas exacerbadamente otimistas me irritam. Aquelas que sempre querem ser os profetas das soluções. Todo mundo tem os dias que acorda sem querer se olhar no espelho, achando a vida uma merda, cansado de ser bonzinho, otimista, esperar as coisas darem certo. "Os resultados virão": ledo engano, dear friend. Algumas pessoas estão até agora esperando seus sonhos realizarem-se, dentro dos túmulos....

Não sou uma maníaca depressiva, nem uma velhinha reclamona rabugenta (sim, é uma expressão só). Na maioria das vezes, sou feliz, tento sempre manter um sorriso no rosto, por mais que minha vontade seja de me atirar no chão e chorar, chorar, chorar e chorar. Mas não pega mais bem na nossa idade fazer isso no meio da rua, ou na frente de casa, sempre o maldito problema de parecer feliz para os outros...

Voltando ao assunto, simplesmente têm dias que dá vontade arrancar as roupas, sair correndo pelo mundo gritando: "porque isso acontece comigo??!!WHYYYYYYYYYYYYY''???!! Nessas horas que os amigos entram. Simmmmmm, ralem-se!! Também somos muro das lamentações muitas vezes, é assim que se constroem as relações, mais ou menos como as amorosas, mas sem sexo (na maioria das vezes) ou o compromisso de TER QUE ouvir. O amigo ajuda porque quer fazer o outro sentir-se melhor.

Quando o ''necessitado" estiver divagando, divagando, divagando, no msn, no telefone, frente a frente, com um copo de ceva esquentando, a fumaça de cigarro na nossa cara, sejamos pacientes. Ás vezes ele só precisa desabafar e falar: "QUE MERDA!". Ele não quer ouvir conselhos clichês, vindo diretamente de ''O segredo'', ''Ajude sua vida", ''Nunca estamos sós". Não, não e não!!!!! Isso irrita profundamente. Simplesmente porque são coisas que todo mundo está careca de saber e não consegue fazer, e isso é motivo para deixar a pessoa mais frustrada ainda.

Sabe o que é bom ouvir nessas horas? "É foda essa vida!! Mas uma hora as coisas têm que melhorar, porque piorar não tem mais como, né? Garçom, mais uma, por favor"! Pelo menos é o que eu prefiro a ficar analisando os ensinamentos de Buda, que não são conselhos para pessoas como eu, enfim, que esperam coisas para ontem... Contar os nossos problemas também não vai ajudar a pessoa a melhorar, pelo contrário, além de tudo, ela vai sentir-se ignorada.

Tudo isso eu escrevi para dar a seguinte mensagem: Não tentem ajudar com clichêzisses que é um porre!!! "Quem espera sempre alcança", "os últimos serão os primeiros". Isso provoca mais raiva que ouvir um: "então te mexe, porra, e faz algo pela tua vida!!", acompanhado por um leve chacoalhaço nos ombros da pessoa. Sem tapas na cara, por mais que a vontade seja grande...

Claro que devemos sempre manter o otimismo, caso contrário já estaríamos como os Lemingues, fazendo fila em direção ao suícidio, mas todo mundo tem seus dias deprês, que simplesmente nada dá certo. Nessas horas nada melhor que utilizar o sarcasmo e pensar: "o que é um peido pra quem tá cagado??!!!"