sexta-feira, 24 de abril de 2009

(Só) Freud explica (???)


Conversava com uma amiga, que ainda não foi contaminada pelo mal do século: terapias, sobre fazer a mesma. Chegamos a terrível conclusão que quem começa nunca mais pode largar. Essa dependência ao divã é mais ou menos como entrar para a vida de crimes: você nunca sairá vivo dela. Ou seja, as pessoas chegam no consultório e cada vez vão ficando mais e mais preocupadas com seus problemas e defeitos.
Não bastassem as dificuldades que tinham na hora de marcar a consulta, descobrem que antes de tudo elas próprias são o grande problema. Aí, começa a guerra para mudar-se, mudar as atitudes, tomar florais, calmantes, antidepressivos, e o pior: com toda a tentiva de solucionar sua vida, as pessoas acabam perdendo a própria essência. Elas entram para aprender a lidar com barreiras e se ''auto conhecerem'' e cada vez a bola de neve fica maior ainda. Quando se dão conta, o problema já passou de uma simples neurose, crise de tpm, ou um pequeno acesso de loucura, para o terrível diagnóstico de um trauma vivido aos dois anos, provavelmente a hipótese freudiana: culpa da mãe.
Não quero defender a loucura desatada e alienada, pode ser bom fazer terapia, claro, mas o que anda acontecendo é que o profissional está quase sendo tratado como um guru. Mais ou menos assim: os pós modernos voltam a Grécia antiga, no oráculo de delfos e vão até o templo pedir conselhos aos Deuses. Já imagino daqui um tempo, eu ligo para uma amiga, convidando-a para um cinema e ouço:''já te ligo, vou ver com meu psicológo se ele acha que devo ir''.
Sinais da total dependência estabelecida: quando o terapeuta já é citado em conversas, como se fosse um amigo ou alguém íntimo da pessoa. Da mãe ou do namorado a pessoa não fala, mas do que o psicólogo disse sobre este ou aquele assunto é quase a todo momento. O que mais impressiona são as frases que já ouço tão frequentemente: ''preciso falar com meu psicólogo sobre isso''. Ou seja, ao invés das idas ao consultório serem vista apenas como mais uma forma de ajudar nas adversidades da vida, ela passa a ser uma consulta de certo ou errado, algo feito para remodelar suas maneiras e manias.
Com todo o respeito, pra mim toda essa baboseira de vínculo psicológico é falta do que fazer. Isso sem mencionar o que mais me irrita: o modo insistente como as pessoas tentam se moldar e mudar. No final elas perdem seu verdadeiro eu, fecham-se para o mudno ou tornam-se algo que nunca foram. Isso é triste. Já diria o grande filósofo Friedrich Nietzsche: "só se pode alcançar um grande êxito quando nos mantemos fiéis a nós mesmos."
Quando estou com problemas mesmo, minha maior terapia é sentar numa mesa de bar com um amigos e desabafar, e o melhor, além de ser alguém que me conhece há anos, saberá se estou mentindo ou inventando situações, o que muitas vezes pode não acontece com o profissional.
Nas frequentes decepções amorosas, um amigo será claro e objetivo. O médico falará da forma mais fria e pensada possível: ''tens que avaliar se a possibilidade de continuar com ele vai lhe trazer conforto emocional e que possivelmente não haverá mudanças, mas isso tem que ser trabalhado em ti'', já nosso camaradinha diz: ''deixa de ser idiota e larga esse traste logo que é um atraso na tua vida''. Isso, amigos é a verdadeira terapia.

quinta-feira, 16 de abril de 2009

Bukowski: O velho safado

Pena que morreu. Bêbado, louco, um traste. Porém, realista. Fazia parte do seleto grupo das pessoas verdadeiras, que não precisam mentir ou fingir ser, quem não são. Ou pior: fingir não ter problemas ou cometer erros.


'' Você pode não acreditar nisto, mas há as pessoas que passam pela vida com muito pouca fricção de angústia. Eles se vestem bem, dormem bem. Eles estão contentes com a família deles, com a vida. Eles são imperturbáveis e freqüentemente se sentem muito bem.
E quando morrem é uma morte fácil, normalmente durante o sono. Você pode não acreditar nisto, mas tais pessoas existem,mas eu não sou nenhum deles, oh não, eu não sou nenhum deles. Não estou nem mesmo próximo para ser um deles.
Mas eles estão lá ...e eu estou aqui."

Charles Bukowski
(1920/1994)

terça-feira, 14 de abril de 2009

É tudo culpa da Disney



Papo vai, papo vem: ''Tudo culpa da Disney, Carol'', disse minha amiga, que está à sudeste do país, enquanto falávamos na obrigação imposta pela sociedade de casar, ter filhos e achar o príncipe, lindo, em seu cavalo branco, nos tirar da torre, onde fomos colocadas pela bruxa má.

Piores eram aquelas histórias que a donzela estava quase sendo morta pelo vilão, e, no último segundo, seu amor chegava, triunfante, e...blum. Matava o cara que queria lhe fazer mal, sem o menor remorso (nem cadeia), e a pegava nos braços. Ohhhh, muy lindo! Mundo real: Se formos esperar pelo príncipe, morreremos esmagadas pelo trem, amarradas no trilho, quiçá seu cavalo branco dará às caras.

Os desenhos ensinavam que as mulheres eram bem-comportadas, não falavam palavrão, bebiam, fumavam, gostavam de futebol e, muito menos jogavam sinuca. Ao ponto que crescíamos, iamos ganhando os piores hábitos e mais distância do castelo de princesa.

O que falar dos danos causados pelos amores que iam além dos limites do corpo, como os super heróis? Esses,sim... responsáveis por construir todo o ''imaginário ilusório'' (redundância proposital)do homem perfeito: carinhoso, atencioso, lindo, fiel e ainda voa??????? Culpa da Disney, já diria Sra. Meira. Concordo e não abro mão. E ainda coloco mais culpados no cartório: o cinema continuou alimentando os delírios mentais e sentimentais das adolescentes. Sim, quem acompanhava o desenvolvimento da sétima arte já reservava os lugares nos divãs: ''Você precisa saber aceitar que nada é perfeito, não existe homem perfeito, nem vida perfeita, muito menos família perfeita''.

Como não existe nada perfeito????? E a cinderela?A bela adormecida? A lista daqueles infindáveis filmes que todos viveram felizes para sempre? E estava escrito isso, poucos segundos antes do ''The End'', ou de alguma moral sobre o desenho.

Hoje, já sabemos que se trouxessemos os contos para a vida real teríamos o seguinte: Alladin seria um cara bem pão duro, a fera ficará pior ainda quando tiver intimidade, e vai transformar a Bela em uma neurótica incorrigível. O príncipe não vai perder tempo procurando a dona do sapato, vai ver se o calçado entra no pé de outra, que estiver mais perto, nem que o sapatinho fique apertado, a pobre Cinderela baila, vai passar o resto da vida limpando a casa de sua madrasta, com sorte acaba com o porteiro do baile. A branca de neve vai dormir eternamente se depender da procura de seu amado: reze para um anão qualquer lhe tirar do coma. A pequena sereia? coitada, morrerá no mar da amargura, ou casará com um peixe- palhaço, bem galinha. Isso sem falar da rapunzel, que permanecerá na torre, mas dará um jeito de conseguir internet e alcóol, para não morrer de tédio.


É... malditodo Sr. Walt Disney, com certeza. Depois dos cinéfilos malucos que viviam na total realidade que precisaram criar mentiras homéricas para iludir milhões de criancinhas...Ilusão por ilusão ainda prefiro os filmes sem pé nem cabeça, semelhantes a nossas vidas. Sr. Disney deveria ter assistido ''Geração Prozac'' (Prozac Nation) pra ver que a vida não é conto de fadas.

terça-feira, 7 de abril de 2009

Falta de sorte é fichinha...


Situações constrangedoras. Todo mundo já passou, ou ainda vai passar, em alguma hora da vida. Claro que pessoas mais desastradas, tem essa probabilidade aumentada em 100 %, pode apostar. Afinal, elas que pisam em poças d' água, levam toalhas de mesa quando levantam para ir ao banheiro, derrubam copos de cerveja nas festas e por ai vai.

Já passei por mais de duas situações dessas em uma mesma noite, imaginem quantas já não foram durante esses vinte e cinco anos. Primeiro estava dançando, quando levanto a perna, à la ''dirty dancy'', meu sapato voa na testa do meu amigo, menos mal. Poucos minutos depois, subindo a escada, de degraus vazados, aliás esses detalhes sempre acompanham os desastrados, no último bendito espacinho o mesmo sapato cai, lá em baixo. A mesma vítima foi buscar pra mim.

Podemos culpar o maldito sapato, ok. Mas e as gafes dos comentários? Desses que não sabemos onde enfiar nossa enorme lingua? Como parabenizar a mãe errada em frente á uma mesa cheia de pessoas, pela gravidez? E perguntar pelo namorado, sem saber que o mesmo já bailou, na frente do atual? E conhecer aqueles recém nascidos com cara de joelho e cara de velha? ''que simpático'', sem conseguir esconder a expressão de susto. Pior ainda é descascar o ex-namorado da amiga e descobrir que agora é o futuro marido. E aqueles nomes difíceis, que perguntamos umas cinco vezes, na tentativa de entender, e, sem adiantar chamá-la de ''namnama'', em um tom de voz baixo. Nessa categoria de nomes tem a constrangedoríssima situação de apresentar duas pessoas, uma a qual não lembramos o nome. Passemos por mal- educados e não apresentemos nenhuma. Melhor que admitir a irrelevância da esquecida.

E os tombos? Esses são, com certeza, os mais engraçados, e menos constrangedores. Já cai sozinha na rua, sim, não teve nenhuma pedrinha pra poder culpar, estava andando e pum, cai, de maduro, os joelhos, claro ralaram-se na queda. Piores são aqueles tombos que levamos quando vamos nos exibir: andando de bicicleta, na maior pose, uma quebradinha sexy no pescoço, para alongá-lo, nisso a criatura consegue perder o controle e ir direto pra cima de um banco. Poderia ter sido apenas pro lado, derrapado, but nooooooooo, vamos cair em cima do banco, deixar as canelas roxas e voar pro lado do parque.

Nessas situações, em que nos somos os únicos expostos, a soluçao é rir, fica menos engraçado para os apreciadores da desgraça alheia. O que não é nada engraçado quando estamos em apuros, como fugindo de uma barata em plena rua, e algum homem acha engraçadíssimo. Tenham sensibilidade. Tomara que tropecem em viagras gigantes em alguma avenida movimentadissima.

Algumas gafes são por causa da nossa atenção, outras por culpa de terceiros (ou segundos?), mas têm coisas que são pura falta de sorte mesmo. E chama-se falta de sorte, aquela palavrinha que começa com ''z'' não pode ser dita, porque, segundo as más linguas, chama,ne...e imagina só se isso acontecesse pra quem já não conta com muita destreza nas tarefas diárias.

sábado, 4 de abril de 2009

Paixão também se herda


Meus amigos gremistas que me perdoem, mas desta vez escrevo aos colorados, para compartilhar minha alegria com o centenário.
Hoje meu time está de aniversário. Me lembro desde pequena, meu pai me chamando para ver os jogos com ele. Me xingando quando não podia o acompanhar na poltrona, com o chimarrão e as pipocas, até hoje ele fica bravo quando eu saio de casa ou durmo antes de acabar a partida. A decepção era certa quando eu confessava que perdi um jogo. E as perguntas sobre os namorados, se ''esse é colorado?''... e a resposta sempre foi o sonoro ''não'', coitado. Mas ele entende que todos têm diferenças e ninguem é perfeito (brincadeirinha).
Nunca vou me esquecer daquele domingo, o dia que conquistamos o mundo: eu pulava, que nem louca, abraçada no meu pai, na sala, enquanto via uma tímida lagrima de alegria caindo de seu rosto, a emoção indescritível quando saímos às ruas, que pareciam ter tomado um banho de tinta vermelha, tingidas de alegrias e arranjadas ao som do hino colorado.
Não me esquecerei das implicâncias com os amigos gremistas, vindas de ambos os lados, e comemorações com os torcedores do mesmo time, por causa de um jogo, claro que tudo sempre acabava se resolvendo. Nos torpedos por celular comemorando ou tirando sarro de alguém.
A emoção de entrar no estádio, participar da massa colorada, sentir a energia indescritível da torcida, ver goleadas inéditas, que farão parte da história do inter, me fazendo sentir parte de tudo isso. A tristeza, a angústia, as unhas roídas, que tanto custavam a crescer, a força para segurar o xixi enquanto não acabava o primeiro tempo, a emoção de ver o impossível, os gritos de raiva, os de comemoração, os xingamentos, as lágrimas, a alegria. TUDO.
Com certeza essas recordações vão ficar para sempre em minha memória, quando envelhecer e lembrar da minha juventude elas estarão ali, guardadinhas na ala das coisas boas. O colorado me proporcionou tudo isso. Agradeço ao inter por essa paixão única e permanente, e ao meu pai, por ser colorado e me deixar isso de herança.
Parabéns, torcedores. E parabéns ao meu inter, que completa 100 anos no mês do meu aniversário. Como eu, do signo de áries, movido a paixão e emoção.
Obrigada inter, e obrigada ao meu pai.
''Eu nunca me esquecerei dos dias que passei contigo inter. Colorado é coração, trago amor e paixão. Pra sempre, inter!''

quinta-feira, 2 de abril de 2009

A paixão (nacional) regional


A maior paixão da nação brasileira, é com certeza, ver a bola rolando no gramado. Isso está acima daquela que dedicam às bundas abundantes das mulatas, que passeiam em modestos biquinis. Aliás, os brasileiros são capazes de deixar tais bundas de lado para verem um bando de marmanjos suados correrem atrás de uma bola.


É um despauteiro deixar tudo por causa de um jogo de futebol, concordo. Mas depende do jogo. Também é um absurdo uma pessoa que mal sabe escrever o nome ganhar milhões por saber dominar e mandar uma bola pra rede. Concordo, também em parte. Essa profissão é motivo para muitos meninos, que dividem barracos com mais meia duzias de irmãos, que não têm o que comer, sonharem como uma vida melhor. O futebol é responsável também por manter a esperança de uma vida melhor, para tantos outros garotos, que tiveram a mesma origem humilde.

A maioria do povo brasileiro é folgada, mal educada e quer sempre tirar proveito em tudo. O fato de termos um presidente que não sabe nem falar português corretamente, e não incentivar de nenhum modo a cultura, é o retrato do nosso país. Por outro lado esse fato também mostra que essa é a terra onde tudo pode acontecer. Não que isso seja bom, mas é um ponto contra o suicídio.

O que indigna muitas pessoas é o fato de que muita gente batalha, percorre um extenso caminho de estudos, em busca de aperfeiçoamentos culturais e mais conhecimentos pessoais e profissionais, e muitas vezes não conseguem obter o reconhecimento merecido. Isso acontece enquanto meninos que não sabem responder uma simples pergunta já têm um futuro garantido, com dinheiro, sucesso e fama.

Mas que é lindo entrar em um estádio cheio, pular, gritar pelo time do coracao, isso é. Chorar se perde, ou ficar de mal com o mundo pelo péssimo rendimento em campo também é são emoções boas de serem vividas. Tudo na devida intensidade e calor do momento, é claro. Não dá para arrancar o olho do adversário ou estapear o amigo que torce para o outro time. Pode até dar uma ligeira vontade, mas vai contra as regras dos valores morais e bons costumes, e pode dar cadeia. É preciso levar na esportiva. O futebol serve como uma fuga de emoções, um lazer que aprimora nossas almas na essência da paixão.
Quando a seleção brasleira veio jogar no beira rio, na casa do time que completa cem anos essa semana, pôde ser compravada a grande paixão do brasileiro pelo futebol, e dessa vez foi uma festa bonita. A torcida mais rival do pais: colorados e gremistas, estava unida, gritando pela seleção. Claro que a maioria dos jogadores está ali para ganhar o destaque tão almejado e jogar no exterior, esse é o máximo nível da carreira de um atleta, e alguns pouco ligam para os gritos insandecidos da torcida, mas juram jogar pela flâmula. Tudo bem.

Jogadores vão, jogadores vêm, a tocida continua lá. O time continua ali, as lembranças das conquistas são responsáveis por sorrisos, ao serem resgatadas da memória, e trazem alegria ao coração quando acontecem de novo. Rivalidade é o combustível que incendeia a paixão. Mas o mais bonito e clichê de tudo foi ver colorados e gremistas lado a lado gritando: ''ah, eu sou gaúcho''(e bairrista também, admito).